segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Aos negativistas de plantão (resposta do filho de uma terra imunda)

Depois de ouvir muitos amigos reclamarem de um artigo publicado dias atrás, resolvi ler o dito tendo sido compelido – por alguns dos que me rodeiam, bebedores cachaça e comedores de mandi, em um dos vários botecos fedorentos que fequento – a responder ou dar uma satisfação aos que conseguem e com paciência, dar uma olhada no que escrevo.
Peço desculpa aos detentores do vernáculo pátrio e aos nobres professores da língua portuguesa, pois posso cometer erros de concordância, já que os de grafia, o computador, através do editor de texto possuem corretor ortográfico, já dando a mim uma mãozinha.
Não sou jornalista e escrevo como curioso e gosto de dar minhas ideias, sem contudo, apenas utilizar da escrita como forma de apenas denegrir o que vejo.
Tudo bem que sou professor e como formador de opinião, dito por muitos estudiosos, apenas busco comentar um assunto ou outro por estas bandas fedorentas que é nossa terrinha. E mais, quando senti que como professor apenas não tinha condições financeiras de conquistar o que sonhava, e para não tornar-me um revoltado com que os outros possuem apenas sentado à beira da estrada e chorando, fui buscar outro emprego que me desse o almejado, não me tornando assim, um revoltado com o mundo, com as pessoas e com o lugar onde vivo.
Não escolhi nascer em Porto Velho, porém, como opção estou vivendo aqui. É minha terrinha e por ela tenho amor ao ponto de não ter que me aventurar por outras plagas e ter que um dia bater meus costados em terras distantes e “ser forçado” conviver com imundice, mofo, coisas feias, pobreza, etc.
Não estamos, na atual conjuntura político-social, vivendo na melhor terra do mundo. Estamos saboreando uma leva de políticos sem compromisso com a coisa pública, com as pessoas, com nosso passado e com nosso futuro.
Porto Velho teve dias melhores e os terão ainda, com certeza, se a população partir em busca de seus direitos e cumprindo com seus deveres, cobrando o que constitucionalmente deverá ser feito pelos detentores do poder.
Temos que cobrar. Cobrar de forma legal e democrática os direitos sem que seja necessário ouvirmos ou lermos um monte de baboseiras, ditas por pessoa que, teoricamente, deveria não apenas vociferar asneiras, para quem sabe, futuramente almejar um carginho político ou mais, por ter sido preterido a um CDS qualquer.
Senti que deveria comentar o escrito, pois se assim não o fizesse, estaria cometendo um desrespeito aos inúmeros desbravadores que vieram para a hileia brasileira e também, para os que aqui nasceram e lutam todo dia por um torrão melhor.
Para os críticos de plantão existem duas opções: uma seria trabalhar com garra, como assim fazem os nascidos aqui usando da capacidade que possuem para buscar algo melhor ou então, aproveitar as inúmeras formas de ir embora, como vários aviões, ônibus, barcos, carro particular, se é que possuem ou, para escapar da podridão que fere tão sensíveis narinas, ir, como diria muitos desprovidos da qualidade intelectual do nobre comentarista, “ir de a pé”. 
O frio que “assolou” Rondônia, aqui conhecido como friagem não foi opção de nenhum morador, é apenas um fenômeno da natureza e quanto às roupas, com certeza não temos roupas próprias para estação fria, pois professor, raramente temos estação fria e ao contrário de que vossa senhoria fala, que roupas mofadas foram doadas por parentes que residem no sul ou sudeste, pense um pouco, em Rondônia circula dinheiro da produção de café, arroz, feijão, madeira, couro, gado e muitos outros produtos, tendo hoje um parque industrial de respeito e nome internacional, tendo muitos que não recebem nada de seus parentes e por mais estranho que possa parecer, mandam dinheiro para o lado de lá.
Sem tirar o mérito ou desrespeitar qualquer região do Brasil, quando de catástrofes ou adversidades, o fedorento, imundo e cheio de ratos Estado de Rondônia colabora com tudo que pode angariar, ou seja, se alguém veste roupas usadas, não são os moradores de minha terrinha imunda.
Os veículos que circulam em nossa terra fedorenta são, em média, uma frota de três anos e com raridade são carros básicos, são na sua maioria importados e utilitários.
Não estou aqui dizendo que vivemos na oitava maravilha do mundo.
Temos problemas com drogas, como em todo o restante do país; temos políticos irresponsáveis sem qualquer compromisso com seus eleitores, como em qualquer parte de nosso país, temos pobreza, embora não tenhamos miséria, como em grande parte do país; temos todos os problemas que existem em nossa pátria amada gentil.
Volto a dizer que nasci aqui por acaso, porém moro aqui por opção e não será uma pessoa que, desprovida de sentimento de gratidão por uma terra que o acolheu que irá depreciar de forma leviana, mesquinha e de forma chula, não condizendo com a postura de um professor.
Que tal ir, ao final do dia, com sua companheira, caso a tenha, ver o por do sol às margens do caudaloso Madeira?
Que tal tomar um chope em um dos inúmeros bares fedorentos, ouvindo boa música, vendo amigos, caso os tenha e saboreando uma comida fresquinha?
Que tal passear pelos caminhos curtos, sujos, escuros, cobertos pelo mato da Vila Candelária e saborear um belo tambaqui assado, pescado quase na hora, na folha da sororoca ou da bananeira?
Que tal juntar uma parelha de amigos, para discutir amenidades, jogar conversa fora, reencontrar pessoas de sua terra natal que para cá vieram ou então, simplesmente lembrar bons momentos da vida?
Quero terminar minhas poucas linhas pedindo que seja raciocinado o que será escrito abaixo, não apenas por aqueles magoados e injustos por quem lhes estendeu a mão tirando-os do limo e da insignificância de onde vieram para respeitarem um pouquinho mais.
Acredito não estar falando apenas por mim, que sou neto de desbravador cearense, o coronel de barranco Tibúrcio Cavalcante, Dona Amélia, o imigrante português Joaquim Pereira e sua esposa Dona Luiza. Meus pais não nasceram em Rondônia, pois ainda não existia o território de Rondônia, nem o Território do Guaporé.
Meu pai, Orlando Pereira da Silva, um Oficial Administrativo do governo Federal, nasceu em São Carlos, aqui pertinho, por tal motivo era filho do Estado do Amazonas e Dona Maturina Cavalcante Silva, nasceu em Abunã, sendo assim filha do Estado do Mato Grosso.
Foram considerados filhos dessa “bela porcaria” – para muuuuuuitos – que é Rondônia, então Território do Guaporé, quando da criação de nosso rincão.
Quero vênia para lembrar que embora hoje eu não esteja mais efetivo na educação, em sala de aula, por opção, sou professor e ministro palestras e com orgulho, sou filho da primeira professora nomeada no Território Federal do Guaporé, como professora ruralista.
Apenas uma frase minha, pensada em um dos diversos botecos imundos e fedorentos, rodeado de ratos e toda adversidade existente no planeta terra.
“Tudo bem que seu olhar é crítico ao visitar meu jardim, porém não esqueça que aqui plantei flores, árvores frutíferas e ornamentais e não tenho culpa de ter aparecido algumas ervas daninhas e, em meu jardim também aparecem besouros, lagartixas, borboletas e beija-flor”.

Disponível também em: http://orlandojuniorpv.blogspot.com.br/

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