quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Boscos

Meu irmão mais velho que eu, o Bosco era um grande palhaço. Palhaço daqueles que não tem intervalo que nos dias de hoje, poderia ser classificado com um pen drive de piadas.
Perdi meu irmão em 26 de maio de 1980 para uma doença que hoje, já pode ser controlada e até mesmo convivida com ela – a diabetes.
Em Rondônia, nos anos de 1980, tudo era difícil ao ponto de a insulina ter que vir de São Paulo, pois aqui não tinha nas farmácias e poucos conheciam a danada da doença.
Para termos uma idéia, o Bosco foi detido pela Polícia Federal da época, com seu estojo de insulina, seringas e agulhas até que um médico, Doutor Custódio, fosse explicar que aquilo era remédio e o liberar das garras “dos omi”.
De lá pra cá conheci alguns Boscos. Alguns mais ou menos, no meu modo de avaliar.
Por intermédio de um grande amigo que também se foi – Dean, que trabalhávamos juntos mais o Mário Luiz, na então Secretaria de Administração e Finanças do Território Federal de Rondônia, nos anos 1977 e seguintes eu e o Mário fomos serrar o almoço na casa do Dean e conheci um menino, seu irmão, um rapazinho buchudo, feio, dentuço e... animado chamado Bosco.
Pouca amizade fizemos na infância. Apenas as brincadeiras na Praça Aluízio Ferreira e algumas travessuras típicas de nossa idade. Crescemos cada um pro seu lado, até que já com alguns cabelos brancos voltei a frequentar a turma do Caiari e reencontrei o Bosquinho.
Batemos alguns papos e como gosto de pagode, como também sou um ótimo tocador – assim dizia o Bosquinho, fui me encostando, ajudando o grupo “Sem Moderassom”, que pra muitos também é conhecido como os “Cansadinhos do Som” e sempre por perto, juntamente como meu amigo Mourão, que carinhosamente chamo de “bebeu”; o Dimaci, que tenho intimidade para chamá-lo de “melancia” e o Anselmo, meu ex-aluno que chamamos de “pen drive”, pois com o violão na mão não para nem pra beber água.
Nos encontramos muitas vezes, nas rodadas de pagode, nas confraternizações de fim de ano, no Boteco do Calça, no Origance – quando ela ainda tomava todas e sempre fomos da “pá virada”.
Soube esses dias que meu amigo de infância e companheiro de muitas festas estava doente. Mas... Doença? Pensei eu, pode ser tratada.
Ledo engano. Acabei de saber que meu amigo foi para os braços do Pai, foi ao encontro do Grande Arquiteto.
São Paulo, quando escreveu aos Coríntios assim disse: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”. Não é o caso de nosso amigo Bosquinho. Era um cara que tinha amor em tudo que falava e agia. Era ponderado, era sábio para ouvir e para falar.
Não me lembro do Bosquinho tentando fazer, como eu faço levar a coisa no grito. Ele usava argumentos com aquela sua voz suave.
São Paulo falou ainda que “E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria”.
Bosquinho não tinha o dom da profecia, não conhecia todos os mistérios nem toda a ciência, porém tinha muita fé e muito amor.
Era o amigo que me cumprimentava com um abraço e um beijo – na buxexa, claro!
É esse amigo Bosquinho que quero levar sempre no meu coração e sei que seus amigos também estão pensando assim.
O Bosco guerreiro, amigo, fraterno, inteligente, compreensivo, pai, marido, avô e camarada.
É o cara brincalhão e tocador de surdo, com sua voz rouca e sem graça que quero sempre lembrar. É minha geração!
Questionamos Deus toda vez que um amigo ou um parente se vai. Vi agora a pouco no “zapzap” alguém falando que tanta gente ruim fica e os bons se vão.
Tenho uma tese até certo porto esdrúxula, porém a meu ver correta. Quem está indo para os braços do Altíssimo é que já cumpriu seu tempo aqui e aqueles que ainda estão na terra falta algo a cumprir.
Quero terminar meus escritos em homenagem ao amigo Bosquinho com parte do Salmo 23, conhecido por muitos e também atribuído a São Paulo.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo (...).
Hoje perco meu segundo irmão Bosco.
Vá em paz irmão Bosco que Deus te receba como se recebe um amigo, para uma rodada de pagode.



terça-feira, 25 de novembro de 2014

Cidadania, a grande vencedora

Foi realizada ontem, dia 18 de novembro de 2014, a divulgação dos ganhadores do “Prêmio Nacional de Educação Fiscal”, versão 2014 em cerimônia realizada no mezanino da Torre de TV de Brasília, na solenidade de premiação organizado pela Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais – FEBRAFITE, com a presença dos finalistas, patrocinadores, apoiadores e representantes das associações filiadas. 
Dos inúmeros trabalhos apresentados, dez foram classificados para a disputa final, o “Placar Sonegômetro” foi criado pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), “A Cidade Constitucional: Capital da República” disciplina de imersão da Universidade de São Paulo – USP, “Programa Municipal de Educação Fiscal de Manaus – Disseminado a Cidadania”, “Educação Financeira e Fiscal”, da cidade de Piraquara no Paraná, “Orçamento participativo na escola: O dinheiro é público, mas a decisão também é minha” da Escola Estadual de Ensino Fundamental Carlos Becker da cidade de Alpestre no Rio Grande do Sul, “Desafios para os jovens do século 21” da cidade de Moreira Sales no Paraná, “Educação Fiscal, aprendendo cidadania” da cidade de Barroso em Minas Gerais, “Pequenos cidadãos, polegares em ação” de Lindolfo Collor, no Rio Grande do Sul, “Com contribuintes conscientes o nosso município, estado e país fica diferente” da cidade de Cabo Santo Agostinho em Pernambuco e “Projeto Sol cidadão legal” de Santarém, no Pará.
Os representantes dos Grupos de Educação Fiscal de praticamente todos os estados brasileiros estavam presentes e qual não foi nossa satisfação, como um dos membros do GEF nacional, quando constatamos que a região norte estava muito bem representada, pois o primeiro lugar na categoria escolas foi a Escola Estadual de Ensino Médio Frei Ambrósio de Santarém, Estado do Pará, com o projeto sol “Cidadão Legal”, e recebendo além de diploma, troféu ainda arrebatou quinze mil reais.
Em segundo lugar a Escola Estadual de Ensino Fundamental Carlos Becker, de Alpestre, no Rio Grande do Sul, com o projeto “O dinheiro é público, mas a decisão também é minha”, recebendo dez mil reais.
Em terceiro lugar a Escola Estadual de Ensino Fundamental Moreira Sales, da cidade de Moreira Sales, no Estado do Paraná, com o projeto “Desafios para Jovens do Século XXI”.
Trabalho realmente especial no tocante a cidadania e a ética – o que, convenhamos, está raro nos dias atuais.
Também houve a premiação das instituições e constatamos mais uma vez que Davi realmente venceu Golias, quando da anunciação do vencedor, imensa foi nossa alegria ao sabermos que uma instituição do norte, mais precisamente de Manaus, no Estado do Amazonas, superou a tão poderosa Universidade de São Paulo, a USP.
Em primeiro lugar ganhou o projeto Programa Municipal de Educação Fiscal de Manaus, com o tema “Disseminado a Cidadania”, recebendo quinze mil reais e em segundo lugar a Universidade de São Paulo – USP, com o projeto “A Cidade Constitucional: Capital da República”, levando dez mil reais.
Foi muito bom reencontrar amigos como Wagner, um dos homenageados da noite e o presidente da FEBRAFITE, Roberto Kupski, que tive a grata satisfação de conhecer em evento promovido pela entidade que preside, na cidade Natal, no Rio Grande do Norte, no ano de 2009. Para Kupski o prêmio é de extrema importância para difundir o ensino sobre impostos e tributos no país, além de ressaltar que pagar impostos não é uma punição, mas um investimento social.
Sem dúvida é um estímulo à consciência tributária. Precisamos acabar com essa ojeriza de pagar impostos, pois o “estado não existe sem tributo”, disse Kupski, na abertura da solenidade. 
A edição 2014 em sua terceira edição recebeu mais de 100 inscrições de empresas e instituições distribuídas em 14 estados e no Distrito Federal. Uma parceria da Febrafite com a Escola de Administração Fazendária – ESAF, e leia-se ai o Grupo de Educação Fiscal, o prêmio visa promover a discussão sobre a importância social dos tributos e o acompanhamento dos gastos públicos do Brasil. 
Pena que a instituição AAFRON, de Rondônia não esteve presente nem no projeto nem na premiação.
A premiação se deu junto com a realização do 57º Encontro Nacional de Educação Fiscal no qual foram discutidas as estratégias para o exercício de 2014, bem como a consolidação do programa, com a presença de representantes de todas as regiões do Brasil.
Verificamos na entrega dos prêmios, a importância que dirigentes públicos dão ao programa, quando verificamos um grande número de autoridades, de vários estados prestigiando suas equipes.
Para concluir tenho a dizer que vi “um banho de educação e cultura chamado Região Norte”.




Rafaiel Nando, meu primogênito

Amanhã, dia 25 de outubro, meu primogênito, Rafaiel Nando – Fefel –, como chamava Maria do Carmo, completa 32 anos.
Para mim ainda é aquele menino de cabelos trigueiro, em forma de cuia e bastante charmoso.
Muitas vezes é filho, outras é irmão e confidente e algumas vezes é meu pai.
Emburradinho e turrão, porém com um grande coração.
Quantas vezes tive que me ausentar e deixava, como ainda deixo, o cuidado para com os outros irmãos sobre seus ombros – e diga-se de passagem – nunca decepcionou. 
Rafaiel é aquele amigo que muitos amigos gostariam de tê-lo ao seu lado, companheiro de rachar, lutador, sonhador e moleque.
É o cara que posso confiar todos meus segredos, anseios, vontades e sonhos, pois sei que estarão guardados a sete chaves em um cofre chamado coração e olha que coração ele tem ao cuidar de sua mãe, madrasta, irmã, irmãos filhos e amigos.
Como sempre foi meu confidente, certa vez, ao compartilhar a existência de mais um irmão e que eu havia acordado com a mãe do jovem que iria fazer DNA, ele pediu para ver a cara do sujeito e depois, chamando os demais irmãos me propôs não fazer o teste e sim um churrasco com o dinheiro, recebendo assim o mais novo membro da família de braços abertos.
Quantas vezes não vi Rafaiel brigando com Nínive, Grégori e Ícaro e logo depois via um afago, um carinho uma ternura.
Certa vez, ao brincar com uma de suas irmãos, a Branca, em uma casa de show, foi agredido pelo segurança que acho que sua forma de pegá-la pelo braço fosse uma agressão. Tudo virou brincadeira depois.
Lembro o dia 16 de março um ano qualquer, no dia do aniversário da Nínive, ele dirigindo um carro novinho em folha, que fazia apenas dois meses de uso, naquele dia, foi colido por um irresponsável em um veículo oficial e quase o matou e minha irmã, com medo de minha reação, demorou a me contar o ocorrido.
Quando eu cheguei ao local do acidente apenas o abracei e pergunte se ele estava bem não importando com o meu material, pois o bem precioso estava ali, em pé na minha frente, inteirinho da silva.
O mais interessante é que os seus irmãos, com raríssima exceção podem tirar sarro de sua batida, se bem que foi a primeira – que diga Gregóri que subiu na parece de casa com o Brava, a Nínive que entrou na minha sala com a S-10, O Ícaro, nem se conta, a Branca derrubando parede, a Preta atropelando carro na Pinheiro Machado e agora a Amabile, esfregando a Ranger na parede do ORIGANCE – todo mundo com rabinho preso, não podendo tirar sarro de ninguém.
Parceirão dos irmãos para tudo, do cuidado com os cachorros, passando por conserto de computador, indo para abertura de vala até lavar a roupa de outro irmão.
Então Rafaiel é esse cara legal que tenho ao meu lado.
Parodiando Saint-Exupéry, digo para você, meu nobre e eterno Fefel: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Você cativa amigos e é assim que sempre seguiremos os caminhos traçados para nossa vida e que o Supremo Criador, o mantenha sempre na vida que escolhestes para traças, dentro da decência, da honestidade de da vida cristã.
Todos os dias ao deitar e ao amanhecer professo uma oração, em louvor a Virgem Maria na qual peço a proteção a todos os filhos e faço questão de incluir para que todos vejam: Virgem Maria, nossa Mãe! Fazei que os meus e Vossos filhos não se afastem do Caminho da Igreja, mas se isso acontecer providenciai o seu regresso. Pela Vossa Divina Graça dai-lhes proteção e apoio em todos os momentos das suas vidas, principalmente quando sentirem dificuldades, para que não desesperem e caiam em tentação. Ajudai-os, Mãe Santíssima, por amor ao Vosso filho.
Você, Rafaiel e seus irmãos já imaginam as condições que terminei tal escrita.

É o líder da matilha.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Das coisas que não entendo

Primeiramente, quando ocorre um acidente, quer seja automobilístico, predial caseiro ou outro qualquer, a pessoa que lhe deu causa, tem a obrigação de repará-lo, pagando assim ao prejudicado o valor equivalente ao causado.
É normal e justo que assim aconteça, pois ninguém tem obrigação de arcar com qualquer prejuízo causado por outra pessoa.
Desde que descambou a zona que está ocorrendo no Brasil, quando das passeatas, grupos de baderneiros, orquestrados por sabe-se lá quem, resolvem “tocar o terror”, destruindo o que encontram pela frente, quer seja propriedade pública ou privada. Vejo o quebra quebra em bancos, lojas, órgãos públicos, sinalização de trânsito e tudo que veem pela frente.
Vi uns e outros serem presos e depois, não sei por qual cargas d’água foram soltos e não ouvi qualquer coisa sobre o pagamento dos prejuízos que causaram quando da destruição de bens públicos ou particulares.
Quero crer que algo deverá ser feito para a reparação dos danos causados, pode ser até com trabalho mesmo, já que a maioria É de desocupados ou “açeçores” de alguém.
Em segundo lugar, assisti a um noticiário nacional, sobre o numero de acidentes de trânsito no Brasil fiquei deveras assustado.
Morre todo dia, praticamente a mesma quantidade de pessoas como se tivesse caído um Boeing lotado, apenas no trânsito – não estou falando em acidentes domésticos, industriais ou por assassinato – apenas no trânsito maluco das ruas e estradas na nossa terrinha.
O jornalista Alexandre Garcia, disse em seu pronunciamento que “a direção agressiva é munição na tragédia brasileira” e cita alguns fatores que podem influenciar a pessoa quando está atrás do volante de um carro como estresse, dívidas, trânsito congestionado, problemas familiares e outros mais.
É incrível como os números são malucos, dignos de uma guerra civil.
Morre mais gente no trânsito do Brasil do que em qualquer das pequenas guerras espalhadas por esse mundão de meu Deus.
Entendo, como toda e qualquer pessoa com juízo perfeito – não que o meu seja –  que a melhor forma de reduzir a quantidade de veículos e consequentemente também reduzir os acidentes no trânsito é um transporte público de qualidade, com horários sendo respeitados, sem malandros para perturbarem as senhoras e senhoritas e com preços justos.
A solução é fácil, facílima.
Basta que seja proibida a fabricação de veículos que corram mais de 60 quilômetros por hora, exceto veículos da polícia, dos bombeiros e ambulâncias, assim não precisaríamos ter tantos policiais de trânsito, policiais rodoviários, não seria necessária mais sustentarmos indústria dos “pardais”, um monte de passarelas e outras coisas mais.
Em terceiro, todo dia vejo os marronzinhos da prefeitura de Porto Velho, multando pessoas, em diversas ruas da cidade, com alegação de estarem estacionados em local proibido.
Interessante o que ocorreu semana passada.
Três cidadãos fiscais de trânsito da prefeitura, acompanhados de Policiais Militares do Pelotão de Trânsito pararam no “corredor de ônibus” da avenida Calama e passaram a multar todos que estavam estacionados na devida faixa.
O que questiono que, se é “corredor de ônibus”, ou seja, para os ônibus passarem, qual o motivo das viaturas dos “agentes de trânsito” também estarem paradas no famigerado corredor?
Eles também não estão atrapalhando o livre caminho dos ônibus?
E os ônibus, não deveriam ser multados, quando estão trafegando fora de seu devido corredor?
Como diria o macaco, perguntar não ofende.
Tudo bem, o que escrevi é apenas sarcasmo, para desopilar o fígado, porém não deixa de ser verdade.









terça-feira, 15 de julho de 2014

Síndrome de Estocolmo

Acredito que com o pós copa do mundo do Brasil, de 2014, estamos vivendo a famosa Síndrome de Estocolmo em relação a Seleção da Alemanha.
Para quem não sabe o que é, se trata de um estado psicológico no qual, uma pessoa, quando submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a simpatizar, ter amizade ou até mesmo amar o seu agressor.
Seu nome é em referência ao assalto de Norrmalmstorg ocorrido eu 23 de agosto de 1973, a no centro comercial de Estocolmo, capital da Suécia, onde três mulheres e um homem foram feitos reféns em um assalto a um banco, que durou seis dias.
Como é de conhecimento, os reféns passaram a ter uma relação especial com os raptores, e hoje conhecemos como Síndrome de Estocolmo.
Nesse acontecimento, as vítimas continuavam a defender seus algozes – assim como está acontecendo nos dias atuais, com a seleção alemã, por torcedores do Brasil, após termos levado uma lavada de 7 x 1 e acharmos que os “alemães são bonzinhos”.
Até concordo que em fábulas escritas por La Fontaine, Esopo ou especialmente na escrita por Barbol, “A bela e a Fera”, um clássico da que descreve a história de uma garota bonita e inteligente que é vitima de cárcere privado por uma fera, e ao fim passa a ter um relacionamento afetivo e se casa com a fera a síndrome seja aceita.
Tudo bem que em contos de fadas até vale uma referência a Síndrome de Estocolmo, porém, nos dias atuais, em relação ao futebol e ao vexame que passamos, entendo que já é demais para minha cabecinha.
Nas redes sociais, vejo grande parte da população futebolística brasileira, sofrendo da famosa síndrome, no momento em que a seleção alemã passou de algoz a ídolo, ao ponto de muita gente achar normal o resultado do jogo, apenas pelo fato deles não terem tripudiado em cima, como poderia ter acontecido se o resultado fosse contra a equipe da Argentina.
Desculpem-me os cordeirinhos de plantão.
O chocolate que pegamos, sendo da Alemanha, Argentina, Holanda ou qualquer outra seleção de futebol do mundo é ridículo e merecedor da mais veemente crítica.
Surra é surra não importando se foi de pouco ou de muito.
Meus brios de torcedor e de brasileiro estão feridos.
Sou penta campeão do mundo em futebol e qualquer resultado que o desejo do hexa campeonato sofresse solução de continuidade seria para mim uma vergonha, visto que, teoricamente temos jogadores de primeira grandeza, com salários dignos para o nível dos mesmos, uma estrutura invejável para atendimento e treinamento e mais, fomos derrotados no quintal de casa.
No caso da síndrome, é importante observar que o processo ocorre sem que a vítima tenha consciência disso, porém na vida real, hoje na copa do mundo, eu tenho consciência do que está acontecendo.
O que posso entender é que como na Síndrome de Estocolmo, em que a mente do algoz – no caso a Alemanha – fabrica uma estratégia ilusória para proteger a psique da vítima – a Seleção do Brasil – eu como bom brasileiro, torcedor fanático e decepcionado, não com o resultado e sim com a forma que ocorreu, não posso concordar nunca, jamais.



quinta-feira, 10 de julho de 2014

Brasil campeão

Após a humilhante derrota sofrida pelo Brasil, imposta pela Alemanha, quando da Copa do Mundo de 2014, tendo ficado mais decepcionado do que zangado, para não dizer puto mesmo, tenho que refletir sobre alguns assuntos que são pertinentes.
Nas redes sociais, logo após o jogo, vi de tudo.
Da crítica à presidente do Brasil, Dona Dilma que não teria pago em Euro o valor da propina até  a ignorância extrema de que tínhamos sido comprados.
Já no dia seguinte, após o olho começar a abrir – que tava roxo de tanta peia que levamos, pois, diga-se de passagem, que nunca na história de nosso futebol, tínhamos apanhado tanto, passei a ver alguns comentários mais amenos.
Vi também comentários favoráveis para nossa seleção, bem como enxerguei alguns elogios – raríssimos claro.
Hoje consigo pensar com a cabeça mais fria e sobre o pescoço, ainda que nem tudo está perdido.
Perdemos a copa de futebol, porém em 2014 temos outras copas para ganhar. Temos a copa da saúde, que estamos nos últimos lugares, a copa da educação que já vencemos alguns pontos, basta ver os resultados que nossos alunos trazem quando participam de competições fora do país - o que ninguém comenta.
Temos a copa das eleições, que poderemos ficar em primeiro lugar, votando em pessoas decentes e com compromisso com o povo brasileiro e não fazendo média com republiquetas de compadres para apenas, passar por bonzinhos no resto do mundo.
Embora pouco divulgado pela mídia brasileira, somos campeões das olimpíadas de matemática, química, física e outras mais...
Não temos registrado nenhum caso de paralisia infantil desde a década de 1990, ou antes...
Nosso índice de desenvolvimento humano melhorou...
Não estamos vivendo um mar de rosas. E não pensem que as melhoras conseguidas aqui foram obra de um ou outro governo que acaba de entrar no trem e já quer sentar próximo à janela não.
Foi um trabalho resultado de programa de estado e não de governo.
Temos uma zaga frágil na saúde, na educação, nos transportes, na habitação, na responsabilidade social e por aí vai.
Temos uma zaga frágil nas políticas públicas que preferem dar o peixe a ensinar a pescá-los.
Temos uma zaga frágil na política de que, dar esmola e melhor do que gerar empregos.
Temos uma compra de votos institucionalizada, famigeradamente conhecida como bolsa família.
Temos a mania de grandeza e queremos demonstrar ao mundo, perdoando dívidas de outros países, enquanto a dívida interna só cresce; construindo portos para compadres enquanto os nossos estão um caos; fazendo pontes e estradas que só Deus sabe onde, enquanto as nossas estradas estão um lixo.
Não quero ganhar apenas a copa de futebol.
Quero mais, quero muito mais.
Quero um país que eu e meus filhos possamos nos orgulhar, com escolas dignas, hospitais humanizados, estradas transitáveis e políticos honestos.
Quero por fim que, assim como técnicos de futebol são chamados de professores, que os professores ganhem igual a técnicos de futebol.
Agora sim, quero ser campeão.



segunda-feira, 5 de maio de 2014

A amizade

Tem horas que, não tendo o que fazer, passo a imaginar coisas possíveis de serem concretizadas, pois as impossíveis estou deixando para mais tarde, quando estiver já de pijama e criando galinhas.
Penso basicamente o que é uma amizade. Amizade mesmo, não é coleguismo, nem apenas se juntar para um jogo de futebol ou tomar umas cervejas no bar.
Em meados de 2009, fui convidado pelo amigo Dimas, mais conhecido como Qualhada, para ir conhecer um barzinho de um amigo dele – logo após termos sidos expulsos do bar do Pernambuco, mais uma vez – e resolvemos conhecer outros ares, desculpem, outros bares e fomos então até o bairro das Pedrinhas pela tomarmos umas cervejas geladas.
Chequei no endereço dito pelo Qualhada e me deparei com um barzinho muito modesto, com apenas uma porta de madeira, duas ou três mesas de plástico na pequena varanda e um cidadão sentado em uma cadeira “de macarrão”, sem camisa e quando pedimos uma cerveja, ele nem se levantou, mandou que pegássemos no freezer.
Achei muito estranho e fui informado que aquele era “seu” Calça. E nas outras cervejas também tivemos que ir buscar, pois o dito senhor não levantou da cadeira.
Gostei da cerveja gelada e passei a frequentar o barzinho e aos poucos fui vendo a figura do dono do boteco. Um velhinho com cara de turrão, barba por fazer, sem camisa, um chinelo de dedos aos pés e de quando em vez, um sorriso maroto.
Passei a admirar o cidadão. Quando eu chegava lá, ele sempre tinha umas “estórias’ para contar, fui encontrando vários amigos, como Charuto, Caúla, Paulo Santana, Zequinha, Faz-tudo, Rommel, Caixa, Emil, Constantino e outros mais.
Do boteco saia apenas cerveja, porém muito gelada. Tira gostos, em hipótese alguma, a menos que alguém levasse.
Resolvemos então comprar um fogão, umas panelas e alguns pratos para podermos ter algo para beliscar, sem ser o dono do boteco, claro.
Então, passei a ser, além de frequentador assíduo do bar do Calça, o cozinheiro da turma e tendo sempre uma platéia boa para comer, entre os que colaboravam e os que entravam de bicão.
Tava muito apertada a varandinha e então resolvemos ampliar as instalações e construímos um “puxadinho” para nos abrigar da chuva e mandei colocar luz no banheiro, pois à noite, já com algumas cervejas alojadas no estômago, indo par a bexiga, ficava difícil ver alguma coisa.
Era um bar eminentemente masculino, mas alguns amigos e eu também resolvemos tornar o ambiente mais agradável e resolvemos convidar as “patroas” para conhecer o ambiente e descobrirem o motivo de tanto afeto e afago pelo local.
Mais um problema, só tinha um sanitário e então pedi para o amigo Euzébio, companheiro de longos anos para construir um banheiro feminino, ficando assim o barzinho mais charmoso e elegante.
Todo o dia, pela manhã, eu passava para um dedinho de prosa com nosso amigo José Ferreira de Abreu – desculpem, ninguém sabe quem é – é o Calça. E tínhamos como prêmio pela presença, seu sorriso largo, quase vazio, com apenas um dentinho.
Muitas vezes, eu deprimido ou chateado com alguma coisa, recebia um afago e ouvia palavras ditas por um sábio que amenizavam minha dor ou afagavam meu ego e dias atrás soube por sua filha Sâmia que ele acordava de madrugada e falava em mim, com palavras sempre de um pai para seu filho.
Muitas vezes, eu e o Zequinha, ficávamos até altas horas tomando cerveja e ouvido os “causos” do Iata e quando víamos seu Calça, dormindo em sua espreguiçadeira, o Zequinha, muito matreiro, falava bem alto alguma coisa qualquer com o nome “Iata” junto e então entre um bocejo e outro do nosso amigo, eu podia ir buscar outra cerveja e o papo corria pelo menos, mais meia hora.
Como dizia Dona Lourdinha e eu passava todo dia no bar do Calça, para bater o ponto.
Não sei como será agora sem sua presença física. O “velho” José Ferreira de Abreu, popularmente conhecido como “Calça frouxa” no dia 3 de maio, sábado pela parte da tarde nos deixou e como falei logo após seu falecimento, foi chamado pelo Supremo Criador, para contar seus causos pelas bandas do Céu.
Tive o grato prazer de estar no rol de amigos de “Seu Calça” e o tratava como um pai e é a dor da perda de um pai que estou sentindo agora.
Obrigado meu velho, obrigado meu amigo e obrigado meu segundo pai.

Que Deus o tenha em um lugar especial, lugar reservado para pessoas íntegras como você.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Bananas

Considerando que fui criando em família tradicionalmente religiosa, diga-se de passagem, católica e como dizia dona Maturina: Católica, apostólica romana sempre ouvi que somos fruto do Supremo Criador, estamos no mundo por criação.
Quando sentei nos bancos escolares, passei a ouvir que somos resultados de evolução, ou seja, descendemos dos macacos.
Agora, em abril de 2014, fomos “surpreendidos” com mais um caso de racismo, agora no futebol espanhol, em que um idiota, ou podemos também achá-lo, um estudioso do assunto, jogou uma banana pro atleta Daniel Alves, do time do Barcelona, e o danadinho do baiano, em um gesto aplaudível, recolheu a fruta do gramado, descascou-a e comeu, bateu o escanteio e que pena, não resultou em gol.
Seria a consagração de seu gesto um gol naquele momento.
No livro “Veio o homem a existir por evolução ou por criação?”, publicado em Inglês em 1967 e no Brasil em 1968 os autores assim escrevem “em quase todos os países do mundo ensina-se a doutrina da evolução. Os compêndios escolares sobre biologia e história apresentam a evolução como fato estabelecido.”
Em outras palavras, a ciência entende que somos frutos evolutivos e, portanto, partimos do mesmo tronco comum.
Agora, se formos pensar que somos resultados de criação, ou seja, viemos de Adão e Eva, que moravam no paraíso – e o restante todos conhece, também partimos de um tronco comum.
Ora, se tanto pela evolução como pela criação, partimos de um tronco comum, não há que se falar em raças diferentes, ou seja, brancos, negros, asiáticos, nórdicos, amarelos, ou outra qualquer raça.
Sou adepto da teoria de que não existem raças e sim raça: a humana e por conta de tal adesão, entendo ser muito idiota a discussão de que um ou outro ser humano é melhor.
Entendo que uns se destacam mais que outros em algumas habilidades, porém, todos nós somos hábeis em alguma coisa e defendo a tese de que somos todos doutores: cada um em sua especialidade – tem o melhor cirurgião, o melhor pedreiro, o melhor borracheiro, o melhor advogado, o melhor dentista e melhor... o melhor e o melhor. Cada um em sua especialidade.
No mesmo livro citado acima existe uma pergunta: Descendemos de um animal simiesco que viveu há milhões de anos?
Os autores também continuam a discussão de que mais cedo ou mais tarde, quase todos se confrontam com esta pergunta, especialmente os estudantes nos sistemas de educação desse mundo. Os instrutores e os compêndios destes estudantes ensinam que o homem descende dos animais através do processo da evolução.
Por outro lado, dizem os autores, a Bíblia ensina que Deus criou o home e todas as espécies de vida diretamente, não por processo de evolução.
No jornal americano Post de Houston, em um artigo publicado no dia 23 de agosto de 1964 há um comentário de que a evolução, em termos muito simples, significa que a vida progrediu os organismos unicelulares para o seu estado mais elevado, o ser humano, por meio duma série de transformações biológicas ocorridas durante milhões de anos.
No livro The river of life – O rio da vida – há uma citação de que “quando as coisas viventes saíram do mar para viver em terra, as barbatanas transformaram-se em pernas, as brânquias em pulmões, as escamas em pelos.”
Em resumo, temos a corrente que defende que somos frutos da evolução e temos a correte que defende sermos frutos da criação.
Então, bato na mesma tecla que somos por um lado ou por outro, resultados de um mesmo tronco comum e todos temos os mesmos traços e ligações humanescas.
Resumindo vejo que a discussão está longe de terminar, pois a religião entende que somos objetos de criação e a ciência entende que somos resultados de evolução, porém não encontrei, em qualquer pesquisa que houvesse a citação de que, ou em um caso ou no outro, tenha havido fatos diferentes para surgimento da raça “X”, “Y” ou “Z”.
Portanto, não será um imbecilzinho ou outro que irá questionar sobre raças diferentes.
Em outras palavras, ou vamos todos orar juntos ou vamos comer nossas bananinhas, que por sinal, é um ótimo alimento.
Dê-me cá minha banana!



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Massa de manobra

São exatamente quatro horas da manhã, do dia 12 de fevereiro de 2014.
Mania de acordar cedo e ficar piruando nos canais de televisão, acabo de assistir a prisão, em Feira de Santana, Bahia, do jovem Caio Silva de Souza, de 23 anos, suspeito de acender e soltar o rojão que matou um cinegrafista da TV Bandeirante em um protesto no Rio de Janeiro na semana passada.
Na quinta-feira, dia 6 de fevereiro, o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Ilídio Andrade gravava imagens de uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio de Janeiro quando foi atingido na cabeça pelo rojão.
A vítima, quatro dias depois do ocorrido, teve morte cerebral, visto que estava em coma no Hospital Souza Aguiar.
Ao vivo, ouvi do advogado do acusado de que se tratava de um jovem “miserável”, sem “discernimento” e “com ideais de uma sociedade melhor” que são aliciados por pessoas e grupos nas manifestações.
O idiota pega no chão um artefato, dizendo ele que acreditava se tratar de um “cabeça de nego” – palavras de seu advogado – e sem saber que se tratava de um rojão, acende esperando que seu efeito fosse mais de barulho do que letal.
Imperícia, inabilidade, irresponsabilidade, imprudência são termos que podem ser utilizados para rotular o jovem irresponsável.
Devemos ver que o jovem que acendeu o artefato que vitimou o jornalista não é louco e sua vontade foi livre e consciente, sabendo que o resultado de seu ato poderia – como em verdade ocorreu – ferir alguém, que poderia ser um policial, um manifestante, um transeunte ou ele mesmo, ou seja, fez sabendo que seu ato poderia ter resultado negativo.
Entendemos que se trata de homicídio qualificado e que deve responder seu autor pelo seu ato, e não apenas isoladamente e sim pelo conjunto da obra, já que outros atos irresponsáveis já praticou, contra a sociedade organizada brasileira.
Também não deve ser um “boi de piranha”, e como diria dona Maturina que a um cão danado, todos a ele.
Estamos vendo uma “desordem organizada” se é que os atos de vandalismos que assistimos todos os dias, nos famosos protestos em que não é respeitada a propriedade pública nem privada pode assim ser caracterizados.
Não está sendo respeitado o direito de ir e vir nem mesmo o direito de se protestar.
Acredito que protestar é ato legítimo, desde que o resultado não seja o que estamos vendo atualmente em que apenas se quer destruir tudo que se vê pela frente.
Deve o poder público, através dos meios legais. Eu disse meios legais, procurar quem está por trás desses pequenos imbecis que, em troca de pequenas quantias ou carginhos de açeçores se sujeitam a cobrir a cara e como uma turba desgovernada sair quebrando tudo pela frente.
Quem banca esses pequenos imbecis que passam mais tempo sendo contra do que dizendo o motivo de ser contra.
Quem paga esses pequenos imbecis para ficarem por dias “mocozados” em órgãos públicos.
De onde vem o dinheiro para pagar café, almoço, janta, aquisição de rojão, tintas, combustível para coquetéis molotovs ou outros apetrechos para suas manifestações.
De algum canto deve surgir dinheiro para financiar as manifestações que estamos vendo ou então existe um cornucópia as avessas que no lugar de ser um símbolo representativo de fertilidade, riqueza e abundância jorra dinheiro.
O mais curioso é que, quando da prisão, a Rede Globo estava transmitindo ao vivo a operação, enquanto a Band, estava transmitindo as olimpíadas de inverno, da Rússia. 
Comparo esses pequenos grupos e jovens despreparados a pequenos traficantes de drogas, em seus pontos imundos, ganhando trocados e se sujeitando a todo tipo de sorte, vendendo pequenas porções e engordando a conta bancária dos grandes traficantes que são praticamente inatingíveis.
É uma pena que jovens como Caio Souza e Fábio Raposo, são pequenos peixes, aliciados por açeçores de políticos bandidos e utilizados como marionetes e ao final, serão indiciados por homicídio doloso qualificado por uso de artefato explosivo e crime de explosão e, se forem condenados, podem pegar até 35 anos de prisão.
Seus aliciadores ou seus mentores apenas ficam olhados de longe o resultado de suas crias não importando o que lhes restará.
São sardinhas e lambaris de fácil prisão, quando os grandes tubarões ficam à solta.