Depois de ouvir muitos
amigos reclamarem de um artigo publicado dias atrás, resolvi ler o dito tendo
sido compelido – por alguns dos que me rodeiam, bebedores cachaça e comedores
de mandi, em um dos vários botecos fedorentos que fequento – a responder ou dar
uma satisfação aos que conseguem e com paciência, dar uma olhada no que
escrevo.
Peço desculpa aos detentores
do vernáculo pátrio e aos nobres professores da língua portuguesa, pois posso
cometer erros de concordância, já que os de grafia, o computador, através do
editor de texto possuem corretor ortográfico, já dando a mim uma mãozinha.
Não sou jornalista e escrevo
como curioso e gosto de dar minhas ideias, sem contudo, apenas utilizar da
escrita como forma de apenas denegrir o que vejo.
Tudo bem que sou professor e
como formador de opinião, dito por muitos estudiosos, apenas busco comentar um
assunto ou outro por estas bandas fedorentas que é nossa terrinha. E mais,
quando senti que como professor apenas não tinha condições financeiras de
conquistar o que sonhava, e para não tornar-me um revoltado com que os outros possuem
apenas sentado à beira da estrada e chorando, fui buscar outro emprego que me
desse o almejado, não me tornando assim, um revoltado com o mundo, com as
pessoas e com o lugar onde vivo.
Não escolhi nascer em Porto
Velho, porém, como opção estou vivendo aqui. É minha terrinha e por ela tenho
amor ao ponto de não ter que me aventurar por outras plagas e ter que um dia bater
meus costados em terras distantes e “ser forçado” conviver com imundice, mofo,
coisas feias, pobreza, etc.
Não estamos, na atual
conjuntura político-social, vivendo na melhor terra do mundo. Estamos
saboreando uma leva de políticos sem compromisso com a coisa pública, com as
pessoas, com nosso passado e com nosso futuro.
Porto Velho teve dias
melhores e os terão ainda, com certeza, se a população partir em busca de seus
direitos e cumprindo com seus deveres, cobrando o que constitucionalmente
deverá ser feito pelos detentores do poder.
Temos que cobrar. Cobrar de
forma legal e democrática os direitos sem que seja necessário ouvirmos ou
lermos um monte de baboseiras, ditas por pessoa que, teoricamente, deveria não
apenas vociferar asneiras, para quem sabe, futuramente almejar um carginho
político ou mais, por ter sido preterido a um CDS qualquer.
Senti que deveria comentar o
escrito, pois se assim não o fizesse, estaria cometendo um desrespeito aos
inúmeros desbravadores que vieram para a hileia brasileira e também, para os
que aqui nasceram e lutam todo dia por um torrão melhor.
Para os críticos de plantão
existem duas opções: uma seria trabalhar com garra, como assim fazem os
nascidos aqui usando da capacidade que possuem para buscar algo melhor ou
então, aproveitar as inúmeras formas de ir embora, como vários aviões, ônibus,
barcos, carro particular, se é que possuem ou, para escapar da podridão que
fere tão sensíveis narinas, ir, como diria muitos desprovidos da qualidade
intelectual do nobre comentarista, “ir de a pé”.
O frio que “assolou”
Rondônia, aqui conhecido como friagem não foi opção de nenhum morador, é apenas
um fenômeno da natureza e quanto às roupas, com certeza não temos roupas
próprias para estação fria, pois professor, raramente temos estação fria e ao
contrário de que vossa senhoria fala, que roupas mofadas foram doadas por
parentes que residem no sul ou sudeste, pense um pouco, em Rondônia circula
dinheiro da produção de café, arroz, feijão, madeira, couro, gado e muitos
outros produtos, tendo hoje um parque industrial de respeito e nome
internacional, tendo muitos que não recebem nada de seus parentes e por mais
estranho que possa parecer, mandam dinheiro para o lado de lá.
Sem tirar o mérito ou
desrespeitar qualquer região do Brasil, quando de catástrofes ou adversidades,
o fedorento, imundo e cheio de ratos Estado de Rondônia colabora com tudo que
pode angariar, ou seja, se alguém veste roupas usadas, não são os moradores de
minha terrinha imunda.
Os veículos que circulam em
nossa terra fedorenta são, em média, uma frota de três anos e com raridade são
carros básicos, são na sua maioria importados e utilitários.
Não estou aqui dizendo que
vivemos na oitava maravilha do mundo.
Temos problemas com drogas,
como em todo o restante do país; temos políticos irresponsáveis sem qualquer
compromisso com seus eleitores, como em qualquer parte de nosso país, temos
pobreza, embora não tenhamos miséria, como em grande parte do país; temos todos
os problemas que existem em nossa pátria amada gentil.
Volto a dizer que nasci aqui
por acaso, porém moro aqui por opção e não será uma pessoa que, desprovida de
sentimento de gratidão por uma terra que o acolheu que irá depreciar de forma
leviana, mesquinha e de forma chula, não condizendo com a postura de um professor.
Que tal ir, ao final do dia,
com sua companheira, caso a tenha, ver o por do sol às margens do caudaloso
Madeira?
Que tal tomar um chope em um
dos inúmeros bares fedorentos, ouvindo boa música, vendo amigos, caso os tenha
e saboreando uma comida fresquinha?
Que tal passear pelos
caminhos curtos, sujos, escuros, cobertos pelo mato da Vila Candelária e
saborear um belo tambaqui assado, pescado quase na hora, na folha da sororoca
ou da bananeira?
Que tal juntar uma parelha
de amigos, para discutir amenidades, jogar conversa fora, reencontrar pessoas
de sua terra natal que para cá vieram ou então, simplesmente lembrar bons
momentos da vida?
Quero terminar minhas poucas
linhas pedindo que seja raciocinado o que será escrito abaixo, não apenas por
aqueles magoados e injustos por quem lhes estendeu a mão tirando-os do limo e
da insignificância de onde vieram para respeitarem um pouquinho mais.
Acredito não estar falando
apenas por mim, que sou neto de desbravador cearense, o coronel de barranco
Tibúrcio Cavalcante, Dona Amélia, o imigrante português Joaquim Pereira e sua
esposa Dona Luiza. Meus pais não nasceram em Rondônia, pois ainda não existia o
território de Rondônia, nem o Território do Guaporé.
Meu pai, Orlando Pereira da
Silva, um Oficial Administrativo do governo Federal, nasceu em São Carlos, aqui
pertinho, por tal motivo era filho do Estado do Amazonas e Dona Maturina
Cavalcante Silva, nasceu em Abunã, sendo assim filha do Estado do Mato Grosso.
Foram considerados filhos
dessa “bela porcaria” – para muuuuuuitos – que é Rondônia, então Território do
Guaporé, quando da criação de nosso rincão.
Quero vênia para lembrar que
embora hoje eu não esteja mais efetivo na educação, em sala de aula, por opção,
sou professor e ministro palestras e com orgulho, sou filho da primeira
professora nomeada no Território Federal do Guaporé, como professora ruralista.
Apenas uma frase minha,
pensada em um dos diversos botecos imundos e fedorentos, rodeado de ratos e
toda adversidade existente no planeta terra.
“Tudo bem que seu olhar é
crítico ao visitar meu jardim, porém não esqueça que aqui plantei flores,
árvores frutíferas e ornamentais e não tenho culpa de ter aparecido algumas
ervas daninhas e, em meu jardim também aparecem besouros, lagartixas,
borboletas e beija-flor”.
Disponível também em: http://orlandojuniorpv.blogspot.com.br/