quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Depois que eu me chamar saudade...

No último dia sete de setembro, completei meus 57 anos – por sinal, bem vividos e saboreados dia a dia, com muito prazer, obrigado.
Recebi felicitações de muitos amigos que eu já esperava, de pessoas que eu jamais imaginaria que me reverenciariam.
Pena que de muitos que eu esperava, pelo menos, um alô, não recebi nada.
A vida é interessante, ou melhor, é muito interessante quando vemos que pessoas ao seu lado, pouca importância dão a você.
Sou um curioso e fanático pela leitura.
William Shakespeare, em “O Menestrel”, retrata praticamente tudo que vivi na minha trajetória de vida e o que estou vivendo.
Já acorrentei almas, no lugar de “saborear” com as mãos a pessoa.
Já perdi amores – se é que se perde algo que você nunca teve – por amar demais e me entregar por inteiro.
Já degustei do prazer de confiar e ser confiado por alguém.
Já vociferei palavras que por uma ira momentânea, me arrependo amargamente até hoje.
Também já balbuciei palavras que tiveram como paga um sorriso ou um simples encostar de cabeça em meu ombro em um gesto de agradecimento.
Já perdi a oportunidade de viver um sonho por simplesmente não querer ouvir “eu te amo”.
Vejo que pessoas nos querem por perto, muito mais para satisfazê-las do que por amor.
Vejo que muitos preferem pedir que agradecer.
Ouço muito falar de homenagem póstuma.
De que serve tal homenagem se o homenageado não ira saber nunca que foi querido?
Não tragam flores, velas, palmas, choros, desmaios e “ele era gente boa” se eu não estiver a ouvir, a ver ou não tiver mais como saboreia tais atitudes.
Não me venham com homenagens póstumas.
Fale que sou gente boa agora.
Fale que me ama agora.
Fale que meu cheiro é agradável, que sou um grande amigo, um cidadão honrado e um amigo agora, enquanto eu estiver presente.
Fale que fui bom filho e excelente pai agora.
Não adianta vir chorar no meu caixão, quero ser “paparicado” agora.
Quero ouvir a gargalhada de meus netos agora.
Quero sentir o abraço de meus filhos agora.
Ainda citando Shakespeare, quero lhes dizer que, “só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.”
Acho que ele escreveu para mim tal passagem.
Posso até não demonstrar com palavras como eu amo, porém, demonstro com atos, com sorrisos, com afeto, com a minha oração no início e no final do dia em que peço por todos.
Não sei se é Deus, Javé, Alá, Buda, Sol, Maomé ou outra força qualquer. Acredito que alguém nos rege e para “Esse alguém” é que profetizo minha fé.
Faça por mim agora e não quando eu me chamar saudade.
Não quero flores...
Quero a vida vivida com amigos...
Quero amigos para sorrir, brincar e amar.
Quero filhos para educar e ensinar.
Quero pessoas para amar.
De nada adianta dizer que eu era um grande amigo e que tinha um bom coração se eu não puder ouvir e poder sorrir.
Quero festa agora.
Não adianta um banquete, flores, musicas e badalações se o homenageado não estiver presente para poder ver o quão é considerado bom.
Quero ser reconhecido com o “cara legal” agora, em vida.
É maravilhoso é poder ouvir um “eu te quero”, “eu te amo”, “você é importante para mim”, “obrigado”, “vem, deita no meu colo e chora”, “adorei estar com você, “sabia que você faz falta”, “onde vamos”, “poxa, foi sem querer”, “te amo pai”, “te amo filho”, “por você faço tudo que puder, e tento fazer também o que não puder” e assim vai.
Quero ouvir palavras amorosas e também dizer coisas boas, pois o hoje pode ser a última vez que nos vejamos.
Sorria comigo que vou sorrir contigo.
Chore comigo que vou chorar contigo e ainda, enxugar suas lágrimas.
O tempo perdido que algo que jamais poderemos reconquistar.
Não me venha com homenagens póstumas, pois depois, que me chamar saudade...
Nada mais irá me interessar.














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