segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Doador de sangue

Para reflexão no dia nacional do doador de sangue
Entendo como muito nobre a doação de sangue.
Ao doar um pouco de seu sangue, o ser humano está contribuindo para que vidas sejam salvas.
Na década de 70, quando tinha 18 anos, servindo o Exército, fui compelido – como todos os soldados – a doar sangue em um dia qualquer.
Daí em diante gostei da coisa e passei a doar de forma espontânea, ainda mais que no exercito, a doação era considerada como um ato grandioso e no boletim diário, na 4ª parte – JUSTIÇA E DISCIPLINA, o soldado era citado como referência e homenageado.
Também servia para “corrigir” algumas traquinagens feitas na caserna.
Pois bem, eu doava sangue e continuei por um longo tempo.
Lembro que minha inscrição no “Banco de Sangue”, hoje Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado de Rondônia - Fhemeron era de número 98.
Imaginem como faz tempo.
Sempre doando quando alguém pedia ou quando estava no prazo até que no ano de 1995, no dia 26 de janeiro, nasceu minha filha Isis Amabile Ibiapina Pereira, linda que só o pai, prematura de sete meses.
Em razão de complicações do parto e pela idade “um pouco” avançada, sua mãe necessitou fazer duas curetagens seguidas, com espaço de mais ou menos 40 dias, até culminar em julho do mesmo ano, com uma histerectomia, que é uma operação cirúrgica da área ginecológica que consiste na retirada do útero. A histerectomia pode ser total, quando se retira o corpo e o colo do útero, ou subtotal, quando só o corpo é retirado. Às vezes esta cirurgia é acompanhada da retirada dos ovários e trompas (histgerectomia total com anexectomia bilateral ou histerectomia radical).
Em um domingo bem cedo, fui informado pelo grande amigo e excelente médico, Doutor Genival Queiroga Júnior, ou simplesmente Queiroga, que a paciente necessitava de receber sangue com urgência.
Como eu era doador voluntário, fui correndo – como diária minha mãe, com o pé batendo na bunda – até o Banco de Sangue e na qualidade de cidadão, solicitei quatro bolsas para dita transfusão.
Fui informado por uma pessoa que estava no plantão que para retirar o sangue, era necessário que eu levasse, ao menos, quatro doadores.
Falei da necessidade e da urgência do pedido e informei que eu era doador voluntário e firmei compromisso para que após a entrega do sangue no hospital que a paciente estava eu procuraria doadores, pois em um domingo, início do dia, seria difícil encontrar alguém.
Foi mantida a negativa.
Tentei ponderar por várias vezes que sempre havia doado sangue para outras pessoas e não seria justo, na hora que eu estava precisando do precioso sangue fosse negado a mim.
Não consegui convencer a pessoa.
Já desesperado encontrei um colega de infância, filho de família do bairro do Caiari que trabalhava lá e de forma humana disse que não era justo ser negado o sangue a mim.
Foi lá dentro, testou quatro bolsas de sangue e pessoa às minhas mãos.
Salvamos dona Lourdinha.
Agradeço ao colega – que aqui declino do nome, pois não sei como seria a tratamento dado a ele, pela rebeldia, hoje no seu ambiente de trabalho – que, sem sua compreensão não teria terminado com um final feliz.
Não estou aqui prestando um desserviço quanto à doação voluntária de sangue.
Longe de mim tal atitude.
O que quero que saibam é que uma pessoa que doava, digo doava sangue voluntariamente, deveria ter um tratamento diferenciado quando necessitasse do atendimento dentro de um nosocômio da rede pública.
Sabemos que a doação voluntária de sangue é um ato de humanidade e que existem prerrogativas para quem assim o faz.
Em concursos públicos existe a dispensa da taxa de inscrição como também é critério de desempate em muitos casos etc.
É pena que como eu, por tais desmandos, outros doadores perderam a vontade e o interesse em tão nobre gesto.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Déjà vu

Mais um ano de eleições.
Mais um ano de reclamações de falta de pagamento por trabalho realizado nas diversas campanhas de diversos políticos.
Mais um ano de denúncia de compra de votos, abuso do poder econômico, abuso do poder financeiro etc.
Sabe-se que nossa memória às vezes pode falhar; nem sempre consegue-se distinguir o que é novo do que já era conhecido. Eu já li este livro? Já assisti a este filme? Já estive neste lugar antes? Eu conheço esse sujeito? - essas são perguntas corriqueiras de nossa vida.
Tem-se a sensação esquisita de estar revivendo alguma experiência passada, sabendo que é materialmente impossível que ela tenha algum dia ocorrido. Mas, o que é mais intrigante nesta questão é o fato do indivíduo poder, nestas circunstâncias, experimentar esta estranha sensação de já ter vivenciado o que lhe ocorre, e além disso, também poder relatar quais serão os acontecimentos seguintes que se manifestarão nesta sua experiência.
Do alto de meus 52 anos de idade – bem vividos por sinal – vejo todo ano eleitoral a mesma festa de reclamações que as pessoas fazem, ou por terem trabalhado em campanhas e não recebido, ou por terem alugado casa, carro, moto, terreno e qualquer coisa que pode ser “alugada” para apoiar a campanha dos candidatos ou por a famigerada compra de votos ou até mesmo, a nova modalidade de denúncia, o abuso do poder econômico ou político.
Parece até mesmo que é filme já passado em outras épocas.
Alguns editoriais poderiam ficar guardados em arquivos, preferencialmente em “CD”, para evitar que o arquivo seja perdido e nas próximas eleições, somente mudar o nome do candidato que deu “o tombo” nos incautos e publicar novamente.
Não é necessário fazer outra mataria, nem perder tempo digitando novamente. É suficiente trocar o nome do candidato que outrora lesou seus funcionários e colocar no nome do novo malandro.
Já vi gente reclamando que foi “formiginha” nada recebeu.
Vi jornalista reclamando que trabalhou – e muito – e somente recebeu quando resolveu jogar titica no ventilador.
Vi gente que alugou casa para servir de comitê e está hoje na rua da amargura, sem ver a cor do dinheirinho suado – muitos abriram mão de suas residências – indo morar na casa de parentes para aproveitar a “alta estação” de aluguel.
Por incrível que pareça, não vejo as autoridades constituídas tomarem uma providência, a não ser que no pleito de 2010 seja diferente.
Não sei que o candidato caloteiro pode ser incluído dentre os “fichas suja”.
Seria um bom tema para debate na Corte Maior do Brasil.
Qualquer candidato que não honrasse seus compromissos com as pessoas que ele contratou, não importando o tipo de contrato, se para prestação de serviços ou aquisição de bens, poderia ir para o cadastro de ficha suja.
Como falei no início da matéria, parece que já vi esse filhe em outras épocas da política quer seja nacional ou de Rondônia.
A Psicologia tem um nome para tal fenômeno: déjà vu que é uma reação psicológica fazendo com que sejam transmitidas idéias de que já esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro elemento externo. O termo é uma expressão da língua francesa que significa, literalmente, já visto.
Com certeza, no ano de 2010 estou vivendo o fenômeno  déjà vu.
E não é a banda de rock de São Paulo, com certeza.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ENEM

Mais uma vez o governo Federal faz meleca quando da aplicação do famigerado Exame Nacional do Ensino Médio.
No ano de 2009 foi o sigilo do exame que foi para o espaço.
Em 2010, estamos vendo um perfeito “samba do crioulo doido” no tocante as perguntas e as respostas.
Já não bastava a bagunça do horário de Brasília, com o fuso horário de Rondônia e a porcaria do horário de verão, que dá uma diferença de duas horas em relação ao Planalto Central.
Questões sem revisão – o que, diga-se de passagem – é básico para qualquer prova, quer seja de concurso público, quer seja de uma simples avaliação.
O escritor Laurentino Gomes, autor dos livros “1808” e “1822”, criticou a falta de uma revisão mais rigorosa, pois um trecho do livro do autor foi citado com erros de informação na prova de ciências humanas, aplicada no sábado, dia 6 de novembro.
A questão cita a data de 1810 como o ano da abertura dos portos no Brasil. Segundo Gomes, o ano correto é 1808.
Quase mataram o escritor do coração, pois até mesmo ele ficou em dúvida se o erro tinha partido de seu livro.
Está na hora de alguém levar a sério um pouco a educação no Brasil.
Seria melhor dar autonomia para as Universidades Federais ou Estaduais para criarem seus próprios mecanismos para ingresso de acadêmicos.
Está na hora de incluir gente com competência para atuar na educação brasileira e não apenas apadrinhados ou políticos que não conseguiram nas urnas uma vaga no legislativo.
Seria justo e honesto chamar pessoas com conhecimento a determinado assunto para elaboração das provas do ENEM.
Poderia até mesmo deixar estrelismos a parte, e convocar pessoas competentes para assessorar e não ficar melindrado o “dotô” que está no cargo por ter que pedir ajuda a alguém com mais conhecimento.
É brincadeira fazer tanta gente passar boa parte do seu tempo estudando para obter uma nota e poder entrar em uma faculdade e depois por simples estrelismos que leva a falta de competência, a pessoa ter seu tempo perdido, jogado fora e muitas vezes, o pouco do dinheiro que tinha e conheço pessoas que abriram mão de atividades remuneradas para dedicarem-se ao estudo e também, parcos tostões que foram gastos na inscrição, transporte e alimentação para poder fazer a bendita prova.
Agora, acredito que é pedir muito de quem tem pouco a dar em relação a Educação no Brasil.