segunda-feira, 7 de junho de 2010

Simpatia

Parece que a minha brincadeira de escrever sobre alguns “causos” de Porto Velho está dando frutos.
Recebi a cobrança do amigo Delman Saldanha para contar alguns ocorridos com o também amigo Raimundo Holanda.
Com certeza já tenho alguns causos praticamente escritos sobre tão singela figura que é o Raimundinho.
Porém, no domingo, entre uma cerveja e outra, soube de um causo que não poderia deixar de ser contado hoje.
Dizem que Dona Geralda Ibiapina, grande torcedora do Ferroviário e fã incondicional do saudoso Chiquilito Erse, que morava na Abunã com a Julio de Castilho, criava galinhas por esporte, visto que não comia nenhuma de suas preciosas penosas – até mesmo quando eram vítimas do trânsito, quem comia era a vizinhança – claro que com autorização de Dona Geralda.
Pois sim, vamos lá.
Dona Geralda, com maior carinho com suas galinhas e um dia Seu Ramiro, esposo dedicado, encontrou um autêntico vira-latas novinho na rua, sem pai nem mãe e resolveu levar para ser criado juntamente com as galinhas e assim, evitaria que no sábado de Aleluia fossem roubadas e sacrificadas em homenagem aos gatunos de plantão.
O cachorro foi crescendo e achou uma forma de ser pago: passou a comer alguns ovos que estavam para ser chocados.
Dona Geralda inconformada passou a marcar cerrado tanto o cachorro como o Seu Ramiro, buzinando seu blá blá blá para ver se alguma providência era tomada.
Seu Ramiro, com a calma que Deus lhe deu, não levou a reclamação a sério e nada fez com o cachorro comedor de ovos.
Até sua paciência não aguentar mais, falou pra Dona Geralda cozinhar um ovo e por na boca do cachorro que ele jamais iria comer novos ovos.
Dona Geralda fez a simpatia e depois de mais de um mês, volta a reclamar para Seu Ramiro que nada estava acontecendo, pois o cachorro continuava a devorar os futuros pintinhos.
Seu Ramairo, muito experiente falou que não acreditada como também não entendia o que ocorria, pois tal simpatia era “tipo e queda”.
Dona Geralda não sabendo o motivo da simpatia não funcionar acreditando que era questão de tempo, continuou a cozinhar ovos e dar ao cachorro.
E tal simpatia não iria dar certo nunca.
Certo dia, Seu Ramiro chega mais cedo do trabalho e encontra Dona Geralda sentada no batente da porta da sala, com o cachorro sentado ao seu lado, alguns ovos cozidos em um prato no seu colo.
Descascava ovo por ovo, passava sal e dava ao cachorro.
Assim, até eu queria ser o cachorro dela.

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