segunda-feira, 3 de maio de 2010

As meninas das sandálias de vidro

Passeando por terras de Morfeu, deparei-me com um lugar sombrio, onde mulhers desfilavam de várias formas, umas totalmente vestidas, outras com poucas roupas e algumas simplesmente nuas.
O corpo pouco valendo. Com alguns reais poderia ter qualquer uma delas.
Desfilando em um palco improvisado, desnudando-se em cima de uma mesa ou simplesmente levando-a para um dos quartos pequenos e fétidos disponíveis no local.
Vejo meninas que a pouco eram crianças que brincavam com suas bonecas e hoje se expõem para um monte de pessoas aplaudindo, vaiando ou apenas indiferentes.
Alguns estão ali apenas para passar o tempo, tomar uma bebida, jogar mágoas fora ou ganhar parcos trocados.
Fico curioso com uma cena repetida. Toda vez que uma ia ao palco, com suas minúsculas roupas para se despirem ao som de uma música estridente, há a repetição de sandália.
Vejo que, com raríssimas exceções, elas utilizam do mesmo par de sandálias.
A curiosidade me faz pensar o motivo e aquilo fica martelando em minha cabeça.
Não resistindo a minha curiosidade fui perguntando e não tendo resposta.
Como o Pequeno Príncipe, que jamais renuncia a uma pergunta, teimei até conseguir a resposta: Para parecerem mais bonitas, como uma mercadoria exposta em uma vitrine, elas compram juntas apenas um par de sandálias, simples porém bonito.
Com o pouco dinheiro que ganhavam pela exposição de seus corpos, puderam comprar apenas um par. Um par de sandálias de vidro.
Simples...
Frágil...
De vidro...
Que, a qualquer momento poderia quebrar...
Como quebrará os sonhos e a vida de cada uma delas.

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