segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Imaginem uma pessoa que, quando pequeno...

Tinha como divertimento, apostar corrida com trator (bodinho)...
Quando queria chorar, bastava apertar os olhos...
Achava que era adotado...
Em uma cidade como Porto Velho, que era apenas o quadrilátero Rio Madeira, Sete de Setembro, Joaquim Nabuco e Pinheiro Machado, com poucos veículos, conseguir ser atropelado por uma bicicleta...
Por ser gordinho, nas festas juninas, servia apenas de rebolo nas apresentações de boi bumba...
Quando duas irmãs voltavam da aula no Maria Auxiliadora e diziam que as freiras tinham mandado lembranças, chorava dizendo que queria a lembrança pois elas tinham comido tudo no caminho...
Achava o máximo, ficar na Praça Aluízio Ferreira, para pegar o vento quando os pequenos aviões estavam decolando do “Campo de Aviação”...
Corria na praça para pisar na sombra dos aviões que estavam para pousar no Aeroclube do Caiari...
Na mesa do almoço, subia no banco para “crescer” e tentar dar na cara do irmão mais velho...
Pegava cajarana para dar de presente para as meninas do bairro e tentar conseguir “alguma coisa”...
Para economizar o dinheiro da matinê, marcava com a colega já dentro do Cine Lacerda...
Foi pego várias vezes, com a sacola pronta para fugir com os circos que passavam em Porto Velho...
Não tinha calça com bolsos e mesmo assim, distribuía charme, pondo as mãos nos bolsos da camisa (que imagem ridícula)...
Vendia garrafas para poder assistir aos Jogos do JOER...
Dividia com as amigas Dora, Rosa e Célia, quando das missas do domingo na Catedral, um picolé é um saco de pipocas...
Levantou da mesa do café da manhã, com oito anos de idade dizendo que ia trabalhar, pois nunca mais tomaria café sem manteiga...
Que, para não ser mordido pelo cachorro do Seu Chico Santos, o cabeção, deu o maior salto em altura de sua vida, pulou um metro...
Saiu para vender picolé no campo da 3ª Companhia de Fronteira, e não vendeu nenhum, chupou todos vendo um jogo de futebol...
Ajudava o pai a fazer vassoura de cipó titica, ganhava meia dúzia de presente e saia pela cidade para vendê-las e poder comprar seu material escolar...
Que capinou o quintal de Dona Lourdes, secretária do Colégio Castelo Branco, em troca de sua matrícula escolar...

Esse cara é Orlando Pereira da Silva Júnior que teve tudo para dar errado e hoje é um trabalhador, pai de família, irmão e amigo (assim dizem os mais íntimos).
Poderia ter enveredado por caminhos tortuosos e não o fez.
Esse cara está completando 52 anos muito bem vividos e hoje, quando conta as suas peripécias aos amigos é motivo de aplausos e afagos.
Esse cara sou eu.

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