Em um mundo conturbado em que vivemos e com a complexidade de línguas, crenças, anseios, vontades, costumes e opiniões, verificamos que a intolerância está presente em todos os âmbitos. Podemos definir intolerância como uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças.
Em sentido latu a intolerância é a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos-de-vista diferentes ou uma tolerância velada, ao menos por questões de princípios.
Li a pouco sobre a intolerância que sofre uma jovem nascida em Rondônia e que está estudando em São Paulo e sofre preconceito por aqui ter nascido, inclusive tendo sido “convidada” para Rondônia voltar.
Hoje alguns classificam tal atitude de Bullying que é um termo de origem inglesa utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um quidam[1] ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro quidam (ou grupo de indivíduos).
Ainda não entendo os motivos de uma pessoa que nasce em Rondônia sofrer discriminação ou rejeição porte de pessoas nascidas em outras unidades federativas, senão vejamos:
Em que uma pessoa nascida em outras plagas tem de melhor que nós, nascidos em Rondônia?
Se vermos o desenvolvimento de nosso estado, as belezas naturais, nosso clima, vegetação, etc., teremos a certeza que por tal motivo não é.
Se olharmos pelo prisma da qualidade de vida entre as pessoas que aqui residem e as pessoas que estão no centro sul do Brasil, também sabemos que não poderá ser o motivo.
Nossa população é uma das mais diversificadas do Brasil, composta principalmente de imigrantes oriundos de todas as regiões do país, dentre os quais se destacam os paranaenses, paulistas, mineiros, gaúchos, capixabas, baianos e matogrossenses, cuja presença é marcante nas cidades do interior do estado, além de cearenses, maranhenses, amazonenses e acreanos, ou seja, a população nativa é mínima – dentre os nativos estou eu, Orlando Pereira da Silva Júnior, filho de um Amazonense e uma Matogrossense que quando da formação do Território Federal do Guaporé, passram a ser parte deste rincão.
Rondônia é também o 3º estado mais rico da região Norte, responsável por 10,8% do PIB da região. Apesar de ser um estado jovem (criado em 1982), possui o 3º maior Índice de Desenvolvimento Humano, o 3º maior PIB per capita, a 2ª menor taxa de mortalidade infantil e a 3ª menor taxa de analfabetismo entre todos os estados das regiões Norte e Nordeste do país.
Então não há motivos para que uma pessoa nascida no Estado de Rondônia venha a sofrer discriminação por parte de quem quer que seja, ou de pessoas nascidas em qualquer lugar de nosso Brasil.
Não quero dizer que aqui é a 8ª maravilha do mundo, jamais.
Não quero justificar nossos erros.
Não quero defender as mazelas que aqui ocorrem.
Quero apenas justificar que em Rondônia existe um povo trabalhador como em qualquer canto do Brasil e que as pessoas nascidas aqui possuem capacidade suficiente para disputar, em nível de conhecimento, com qualquer pessoa de outras regiões do país.
Possuímos profissionais nascidos aqui de qualidade indiscutível. O Estado de São Paulo já teve um vice-governador nascido em Rondônia, que por sinal também foi ministro de Estado.
Temos doutores – doutores mesmo, daqueles que defendem Tese de Doutorado, em várias especialidades que aqui nasceram.
Quando da crise que assolou o mundo – que para nosso Presidente Lula foi uma marolinha – o Estado de Rondônia manteve-se com o crescimento natural e as pessoas que aqui residem, praticamente não notaram quando a famigerada crise iniciou ou quando ela acabou, se é que acabou.
O que escrevo pode até, para muitos, parecer um desabafo de uma pessoa magoada com a realidade. Não. Não é. Reconheço nossos erros e nossas falhas e que podem – e devem – ser criticadas. O que não admito jamais é sofrer discriminação por apenas ter nascido aqui.
Sou filho da primeira professora nomeada no Território Federal de Rondônia, professora Maturina Cavalcante Silva e do “Seu” Orlando Pereira da Silva, que nasceram e morreram aqui.
Vi minha terra crescer, nasci na época que Porto Velho era apenas o quadrilátero Rio Madeira, Av. Sete de Setembro, Rua Joaquim Nabuco e Av. Pinheiro Machado.
Vi Rondônia sair de dois municípios: Porto Velho e Guajará-Mirim para 52 municípios e queira o Grande Arquiteto do Universo que possa ver chegar a cem... duzentos... ou mais municípios. Quero ver minha terra crescer.
[1] - Quidam: um transeunte sem nome, uma figura solitária numa esquina da rua, uma pessoa a passar apressadamente. Podia ser qualquer um. Alguém a chegar, a partir, a viver na nossa sociedade anónima. Um elemento na multidão, um entre a maioria silenciosa
quinta-feira, 29 de abril de 2010
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